Nós de corda


Sempre fui avesso a  comemorar a virada do ano. É simbólico eu sei, mas se significa um recomeço, vamos aceitar o inevitável estrondo dos rojões e recomeçar. Já que é assim, não tem nada melhor que recomeçar acreditando que tudo é possível.

A gente precisa acreditar para poder viver em paz.

Então, um belo dia, tudo mudou e só você não viu. Daí se pergunta: o que aconteceu? Olha, o que aconteceu é que você não enxergava, não via, não olhava.  O tempo está em nossas mãos. Ele sempre esteve a nosso lado. É nosso maior amigo.

Sempre tive necessidade de saber ir mas preciso saber pra onde voltar. Este voltar remete aos seus braços. Gosto do meu aconchego, meu porto-seguro, minha paz, meu quarto desarrumado. Estar lá é maravilhoso mas estar aí dentro, não dá para negar: sem e com simbolismo, seus braços são meu porto.

Procuro respeitar e entender. Por isso, talvez eu queira ser um pouco entendido – e não julgado. E se eu brinco, ai, desculpa, minhas brincadeiras. Muitos não fizeram Curso de Boas Maneiras.

Não é uma faculdade com pós e mestrado. É um curso de 1 semana. As pessoas atravessam no sinal vermelho, jogam lixo e latas de cerveja pelas janelas dos carros, usam roupas inadequadas para a tal virada, vivem com o celular na mão e mascam chiclete de boca aberta. Santa paciência. Não dá para aturar.

Vou tentar melhorar, eu prometo. Deixar de ser tão chato. Nem peço atenção, só entendimento. Nem quero mimo, presentes caros. Só justiça. Nunca gostei de palavras mal ditas.

Se eu estiver errado, "me ensine".

De qualquer forma, você será para sempre a página de um livro bom. O final ? Bem, o final é e será sempre com você vida.

Deus, como a gente muda. Como os sonhos mudam. Alguns foram embora, sei lá para onde. Outros cresceram junto comigo. Alguns sonhos, impacientes, fizeram as malas e se foram sem ao menos deixar uma foto como lembrança. E eu fico aqui, um pouco saudoso, tentando lembrar o que um dia eu quis.  Não ria! Oferecer uma ceia aos pais, o que nunca fiz pela imaturidade, me sentencia. Machuca! Dói.

Gosto de abraçar apertado, beijar estalado, olhar no fundo do olho até desvendar a pessoa por inteiro. Não gosto de olhares desviados, conversas desconexas e aquele branco que muitos usam. Diria que é um branco encardido. Não desce isto.

Deixando isto para lá, e desviando-me do que perturba, foi que eu descobri que os seus olhos, que tanto amo, contam histórias.

É impossível abandonar quem mudou a nossa vida para sempre. Impossível.

Para amar você precisa respirar. Junto, é claro, assim o mundo fica mais bonito quando a gente carrega coisas boas no peito.

Sempre tive uma teoria: tempo é uma coisa que a gente arruma. A gente adianta o relógio, faz qualquer coisa. Ainda mais quando isso envolve quem a gente gosta.

Tenho tentado me estressar menos, sorrir mais. Carregar menos o mundo nas costas, dormir em paz.

Lembro sempre da aeromoça: “Em caso de despressurização da cabine, máscaras cairão automaticamente à sua frente. Coloque primeiro a sua e só então auxilie quem estiver ao seu lado.” Para ajudar alguém a gente precisa estar bem. Simples assim. Para amar alguém a gente precisa ter amor pra dar. E só tem amor pra dar quem se ama.

O amor só acaba quando um dos dois não tem mais força para pegar o coração do outro no colo. Com direito a musiquinha, aquelas que colocamos para as crianças dormirem,  e tudo mais.

A gente percebe a importância de alguém quando esse alguém percebe exatamente a importância das coisas pra gente, e não há dúvidas, as coisas ficam diferentes quando a gente está ao lado de quem ama.

Ano novo e a certeza de que é preciso ter mais leveza para viver. E mais força para aceitar o que os dias nos trazem.

Os grandes amores sempre voltam a se encontrar – na hora certa. Isto já provamos e graças a Ele, estamos aqui, juntos.

Intriga dá ruga. Fofoca dá pé de galinha. Infelicidade deixa o coração capenga.

A gente deve rir mais da vida e das desgraças. É claro que às vezes a coisa enrosca, aperta, complica, pesa. Mas tem que saber dar a volta por cima, rir, rir, rir. Rir absurdamente. Rir desajeitadamente. Rir escandalosamente. Inventar um riso e rir pra ele. Inventar um riso e rir dele mesmo. Inventar e rir de si mesmo. No filme Questão de Tempo, vimos isto.

Sempre tive a seguinte filosofia: as pessoas vão até onde a gente deixamos. Sou eu que coloco os limites. É você que diz até onde a outra pessoa pode ir.
Se somos 2, cada um no controle, recebamos este ano de braços abertos, sempre almejando o melhor para nós e para aqueles que nos enxergam como nós.

Nós dê uma corda que jamais serão separados.