Ser

Eu não sei. Simplesmente não sei desistir. Eu vou até o fim. Vem cá, eu deveria saber?

Não acho que largar de mão, jogar pro alto, esperar pra ver sejam boas soluções. Solução pra mim é arrumar uma solução. E desistir pra mim não é.


Você pode me achar cabeça-dura, cego, insistente. Mas eu pago pra ver.


Não sei fechar os olhos e ver o que acontece. Fico de olhos abertos, acho a saída.


Se a visão embaralha, sigo algum rastro de luz e encontro o lugar certo para passar.


Se o cansaço chega, resisto. Não desisto. Sei lá, desistir é se entregar. E só me entrego para o que eu quero.


Esteja ciente (e consciente) dessa minha verdade.


Ad Eterno

Uma vez me falaram que amar é se jogar de um precipício sem saber se lá embaixo vai ter alguém para segurar a gente. Foi a melhor definição de amor que já ouvi. Eu, que escrevo tanto e leio tanta gente que fala dessas coisas que damos o nome de sentimento, nunca tinha escutado nada tão verdadeiro.

Amar é isso mesmo. É se jogar e não saber. É se entregar sem ter certeza. Aos poucos, buscamos a certeza do amor. Porque o amor para ser amor precisa de certezas.

A certeza do encontro, a certeza da continuidade, a certeza da presença, a certeza da verdade.

Demorei muito para me permitir. Me distraí durante muito tempo com paixões que não duravam mais que a lua minguante. Por algum tempo vivi uma relação extremamente conturbada e complicada.

Na verdade, não sei se posso chamar de “relação”. Era alguma coisa sem nome. Aquilo não me deixava em paz, me fazia mais mal do que bem, mas de alguma maneira eu continuava.

Não entendo, a gente se boicota tanto. Sabemos que queremos e merecemos mais, mas continuamos insistindo em coisas sem sentido. Punição? Talvez. A gente demora para se permitir ser feliz. Deve ser por isso que as pessoas ficam tateando no escuro durante muito tempo até encontrarem a tal pessoa certa.

Não sei se existe a pessoa certa, sei que existe uma pessoa certa para você. Essa pessoa, por mais errada que seja, é aquela que te dá vontade de continuar. Continuar lutando, vivendo, acordando, sorrindo. Tem gente que nos dá essa vontade, aquela vontade de ser melhor para a gente mesmo e para quem nos rodeia. Mas eu não queria, não me permitia, achava que daquele jeito estava bom.

Às vezes, não sou legal comigo, você não é legal com você. Cegos, não conseguimos enxergar. Confusos, não sabemos o que fazer. Covardes, não nos damos uma chance. Carentes, nos agarramos na primeira oportunidade. A carência nos tira a visão. A falta de visão nos emburrece. E assim vamos vivendo um dia após o outro, com um vazio que nunca sai de dentro e um olhar que procura e nunca acha.

Fora o fato de pensar meu-deus-tá-tudo-bem-tudo-perfeito-na-minha-vida-é-certo-que-vou-descobrir-um-câncer. A gente sempre pensa besteira por achar que não merece aquilo tudo que aparentemente nos salta aos olhos como algo definitivo.

Todo mundo tem que amar alguém um dia. Não tem como definir, é uma coisa muito louca e real. Um dia, com o coração cansado, decidi que só queria coisas boas. Sem migalhas, sem mentiras, sem máscaras. Para amar a gente tem que se despir de todos os artifícios. Então, resolvi ser mais amigo de mim. Aproveitar a minha companhia, me curtir, só procurar o que me faz bem.

Imaginar que estaria fora do precipício ao seu lado foi um dos últimos atos daquilo que imaginei ser eterno.

Apenas mais um tombo. Só que agora de pé. Pés cravados em busca de um verdadeiro amor. Sem mentiras!

Diga antes que seja tarde;

Há quem dia que falta amor no mundo. Há quem diga que “eu te amo” virou “bom dia”. Não sei. Há quem diga todo tipo de coisa.
Eu sou do time do “eu te amo” sincero, mas nunca econômico. Do time que fala quando dá vontade, quando bate na aorta, como diria Drummond. Talvez por isso nunca tenha entendido bem essa história de medo de “eu te amo”.
Medo de amar, sim, desse eu compartilho. Djavan já bem disse uma vez “não existe amor sem medo, boa noite”. Amar dá medo. Medo de se dar demais, de não ser um amor reflexo, de perder o rumo, de perder as rédeas.
Mas depois que a gente ama… Já tá feito. E o medo de extravasar o amor é que eu custo a entender. O medo de dar o amor de bandeja, de colocar em palavras o que já está mais do que evidente no brilho dos olhos e no suor das mãos.
Acredito que o problema tenha sido essa história que alguém inventou de que “eu te amo” precisa ter como resposta única e obrigatória, “eu também”. Aí complica mesmo. Não faz sentido a gente dizer uma coisa que sente, impondo que o outro sinta o mesmo ou que, ao menos, tenha vontade de declarar amor exatamente na mesma hora. Às vezes você vai estar pensando em amor e o outro em calabresa acebolada, é assim mesmo.
Por isso, a deliciosa resposta a um “eu te amo” pode ser só um sorriso. Um beijo demorado. Podem ser olhos mareados. Pode até ser um “que bom” suspirado e sentido de quem realmente está sentindo o quão prazeroso é ouvir tais palavras. Um “eu também” pode ser uma delícia sincera. Ou pode ser uma simples forma de acabar com o assunto sem maiores polêmicas.
Acho que ficamos mais serenos quando entendemos que dizer “eu te amo” é quase como uma vontade de chorar ou de fazer xixi. Os limites do corpo- ou da alma- não mais bastam para o que lá dentro reside. Os olhos, a bexiga e o peito não têm mais a capacidade de suportar tamanho contingente. Ele precisa sair, ganhar o mundo, seguir seu rumo. E então, sentimos aquele maravilhoso alívio.
“Eu te amo” pode ser um presente para quem ouve, mas é uma necessidade vital para quem diz. E talvez a gente precise parar de depender do presente de volta e começar a sentir que dizer “eu te amo” já é bom por si só. Desse jeito a vida fica mais fácil. E o medo começa a ir embora.
Aos 42 anos, na véspera da morte da minha melhor amiga, saí do seu quarto dizendo “te amo, durma bem”. Foi a última vez em que a vi. E o desfecho só poderia ser melhor se ela não tivesse partido. Mas, se era hora de partir, que partisse levando meu amor. E assim foi.
Essa consciência de que os caminhos são muito volúveis e de que a linha da vida é muito tênue talvez seja um dos maiores incentivos para eliminarmos o péssimo hábito de guardar sentimentos só para nós ou de achar que aqueles que amamos sempre “já sabem”.
E tudo isso só reforça a certeza de que o medo que devemos ter de “eu te amo” não tem a ver com orgulho, auto-preservação ou jogos. Aliás, acho que nada disso tem a ver com amor. O medo que devemos ter de “eu te amo” é apenas um: o medo de não dizer e de um dia ser tarde demais.

Sorte e não acaso



Se há dores tudo fica mais fácil

Seu rosto silencia e faz parar

As flores que me mandam são fato


Do nosso cuidado e entrega

Meus beijos sem os seus não dariam

Os dias chegariam sem paixão

Meu corpo sem o seu uma parte

Seria o acaso e não sorte


 

Wanessa da Matta

...Neste mundo de tantos anos
Entre tantos outros, que sorte a nossa, hein?



Faça um pedido

É a história mais antiga do mundo. Um dia, você tem 17 anos e está planejando o futuro. E então, sem você perceber, o futuro é hoje. E então, o futuro foi ontem. E assim é a sua vida. Passamos tanto tempo querendo, desejando, buscando. Mas sabe? Ambição é bom. 
Perseguir as coisas com integridade é bom.

Sonhar… 

Se você tivesse um amigo que nunca mais fosse ver. O que você diria? Se pudesse fazer uma última coisa pra alguém que você ama. O que seria?

Diga. Faça. Não espere. Nada dura pra sempre. 

Faça um pedido e guarde no seu coração. Qualquer coisa que você quiser, tudo o que você quiser.

Fez? Ótimo. 

Agora acredite que pode se tornar realidade. Você nunca sabe de onde virá o próximo milagre. A próxima memória. O próximo sorriso, o próximo desejo que se tornará realidade. Mas se acreditar que está logo adiante e abrir seu coração e mente para a possibilidade, para a certeza, pode ser que consiga o que queira.

O mundo está cheio de mágica. É só acreditar nela. Então, faça um pedido.

Fez? Ótimo. 

Agora acredite nele. Com todo o seu coração. 



Coisas tão lindas


"Entre as coisas mais lindas que eu conheci,  só reconheci suas cores belas quando eu te vi. 

Entre as coisas bem-vindas que já recebi eu reconheci minhas cores nela então eu me vi"



( Segunda, janeiro de 2015, seu  rádio)

Para download, clique no link superior.

Não!


O amor vai até onde a gente aguenta. Até onde o nosso sim resiste e permite. Hoje eu não aceito muitas coisas. Digo não no trabalho, digo não na família, digo não na amizade, digo não no amor.

 E não sou mais ou menos legal por isso.

E não amo mais ou menos por isso. A gente tem que estar bem certo daquilo que quer ou não quer.

Do que faz bem ou não faz. Antes, eu preferia ver o outro lado bem do que ficar bem. Agora eu quero pensar nas coisas que realmente me fazem bem.

Hoje eu quero estar rodeado de sins. Mesmo que pra isso eu precise dizer muitos nãos.

Bocados

Tenho um bocado de coisas pra aprender, meu coração ainda é criança. Sofro por coisas bobas, me preocupo com o que ninguém vê. 

O invisível sempre me interessou demais. Aquilo que a gente não consegue tocar, mas que consegue sentir profundamente. E eu sinto tanto, tanto. Me confundo no meio de tantos sentimentos bons, contraditórios, sem nome, sem nexo. Nem sempre sentir esclarece as coisas, não. Muitas vezes o sentir só atrapalha tudo e deixa a gente ainda mais enrolado. Mas que graça a vida teria se não fossem esses gostinhos doces e salgados, alternando, se misturando, lutando entre si?

Nenhuma. 

Por isso, aceito resignado o que me foi destinado. Nasci pra andar sempre de mãos dadas com a minha liberdade e com o amor que me move e me faz sentir cada coisa de forma única. 

E vou viver assim até a brevidade do último dia da minha vida. 

Aniversario



Feliz aniversário Paulo 

Hoje é meu aniversário. Acho que nunca comecei um texto aqui com uma frase tão plana, lisa. E ao mesmo tempo de significados tão intensos que fica difícil lê-la com imparcialidade. Pensa-se em parabéns e talvez seja merecido, pois neste mundo de cabeça para baixo vence-se a cada dia.

Mas hoje é meu aniversário. E não é dia de escrever coisas tristes ou pensativas, mas de comemorar. Comemorar que lá trás Lúcia e Pedro me escolheram para ser seu filho e apostou em mim todas as fichas. 

Que desde meu último aniversário acordei nos últimos 365 dias, levantei e fui cumprir com as minhas obrigações. Que curti esses dias com pessoas maravilhosas, que amo muito. 

Com as que estão bem pertinho. E com aquelas que estão longe. Que no meio desse caminho realizei vários sonhos. 

Nestes sonhos conheci outras pessoas muito maravilhosas, me decepcionei com outras que mal conhecia e mais ainda com aquelas que imaginava conhecer, mas a vida continuou bonita. Que voltei em segurança e vi o sol nascer. Chorei de felicidade, de tristeza, de raiva, por perdas. Que nesse meio tempo traduzi um livro em francês, diversas matérias de revistas inglesas e muita coisa chata, mas que me deixaram feliz pelo desafio aceito e cumprido. Que hoje recebi, logo na virada do dia uma ligação de um número que já vem fazendo parte de mim nestes últimos meses. Felicidades de minha VIDA. Minha vidinha! Não fui esquecido, pensei! Vi no email vários e-mails e recados no blog... mensagens de alguns familiares e de amigos que mesmo estando longe ainda nutrem por mim carinho especial. E tantos telefonemas, sms, e abraços... há essa foi a melhor parte de se fazer aniversário. Muitos abraços, de variadas intensidades, expressividades e cheiros... foi lindo! E que completei mais alguma década  com muita felicidade e orgulho de quem sou.

Por isso digo que hoje é meu aniversário. E o que se sente nesse dia não se explica. Nem se deve explicar… É celebração da vida!!!

Amo a todos!

Amigos, familiares e meus queridos alunos, base para tudo, a quem amo a cada um. 

Última página


Sinto dizer: desapontar pessoas faz tão parte da vida quanto tomar café. Leio e releio esta frase e engulo seco. Fico pensativo.

Olho para fora da janela. Minha alma está numa dieta. Não cabe em mim o peso de mais uma cara amarrada. Decepções não acontecem porque deixamos de fazer alguma coisa para alguém ou porque não somos como a imagem que projetaram de nós.

A verdade é que as pessoas (nas quais me incluo) não sabem o que querem de si mesmas e jogam suas frustrações nas costas do outro. Em cima de alguém que obrigatoriamente deveria ter a resposta.

Mentira minha? Não creio. E não há resposta na última página, sua verdade não está em ninguém (a não ser em você mesmo). A decepção te engole, a culpa inflama, dias e noites são perdidos por emoções não conferidas no guichê. Vamos simplificar?

Pegue a senha e aguarde. Pessoas sempre se decepcionarão com você. Pessoas sempre se apaixonarão por você. O importante é: não permita nunca que VOCÊ se decepcione, pois só VOCÊ tem o poder de fazer isso.

Merecer




(Em outras palavras: na hora do aperto a gente apela para a autoajuda, ombro dos amigos, livros bestas e músicas cafonas.)

Por algum motivo as coisas não deram certo. Sua vida seguiu por um caminho e a dela dobrou duas quadras mais para a frente. 

Você fica se perguntando o que aconteceu, o que deu errado, por que vai ter que enfiar todos os planos dentro da mala, fechar e ficar um tempão sem abrir novamente.

A gente passa por diversas fases. Sentimos raiva, sentimos dor, sentimos revolta, sentimos desprezo, sentimos saudade, sentimos amor, sentimos medo de nunca mais esquecer, sentimos medo de gostar de novo, sentimos vergonha e receio em repetir os mesmos erros bobos.

Demorei muito para acreditar na cruel verdade: quem gosta de você vai te tratar bem. 

Quem gosta de você se importa, quer o melhor, te procura, te liga, te dá satisfação. Quem gosta quer estar junto. Quem gosta demonstra. Quem gosta faz planos. Quem gosta apresenta para a família e amigos.

Quem gosta manda uma mensagem bobinha só pra dizer que ama. Quem gosta carrega uma foto sua dentro da carteira pra ver quando dá saudade. Quem gosta abraça na hora de dormir. Quem gosta dá um beijo de boa noite e de bom dia. Quem gosta aguenta suas reclamações, suas manhas e manias.

Me desculpa, mas não existe medo que seja maior que um sentimento. Não existe timidez que seja mais forte que uma declaração de amor. Não existe distância que deixe uma relação morrer se as duas pessoas querem ficar coladinhas. Não existe estou-dividido-entre-ela-e-você. Quem gosta pode se perder, mas sempre vai saber pra onde quer voltar.

A gente demora pra aceitar, arruma novecentas desculpas para a falta de jeito do outro. Ah, ela é confuso. Ah, ela está tensa. Ah, ela tem medo. Ah, ela é maluca. Ah, ela isso. Ah, ela aquilo. Desculpa, mas quem quer estar junto pensa ah, que saudade. Ah, que falta ela me faz. Quem gosta, gosta. Sem complicações. Sem armações e armaduras.

Infelizmente, antes de seguir em frente tentamos interpretar as ações e atitudes da pessoa indecisa. Ela respondeu assim por tal motivo. Ela falou isso querendo dizer tal coisa. Ela isso, mas tenho certeza que ele aquilo. 

Quem gosta dá certeza do que sente. Quem gosta te olha com sinceridade. Quem gosta não faz joguinho nem te deixa pela metade.

Quem gosta quer te deixar seguro.

Por bem ou por mal, precisamos abandonar um sentimento que não traz nada de bom.

Simples assim. Basta você se perguntar: é essa a vida que quero para mim? Eu mereço ser feliz? Eu mereço alguém que me ame? Eu mereço alguém que se importe? Eu mereço quem tenha certeza que me quer? Eu mereço ser amado?

O momento em que você percebe que o outro não te quer é mágico. A gente acorda, se sente novo, se sente livre. É claro que não se afoga um sentimento do dia para a noite.

Mas a gente tenta preencher aqueles espaços com coisas novas: músicas diferentes, bons livros, trabalho, amigos, decoração da casa, um animal de estimação.

Tudo serve para animar, renovar, encher a casa, a vida e preencher o tempo, costurar e remendar nossas feridas. 

É claro que vai doer, é claro que você vai sentir, é claro que o sentimento ainda vai latejar por um tempo. Mas a gente supera a partir do momento em que decide o que merece.

Respostas ao Tempo





Batidas na porta da frente, é o tempo....


Por favor, não me entenda mal. Não quero que você pense que meu coração é feito de lama congelada e cravejado de pregos enferrujados.

Posso confessar?

Chega mais pertinho, me dá um pouco de atenção, preciso daquele olhar amigo, cúmplice, que entende e acolhe todos os medos silenciosos e tolos.

Ando um pouco assim, silencioso e tolo. Ando perdido, carente, repensando a vida e me perguntando até quando.

Sempre chega o dia em que a gente sente um aperto na garganta e aquela voz interna e aguda pergunta “até quando”?

Não sei se ainda consigo fingir que isso não está me machucando. Ei, eu não sou tão fabuloso assim.

Sofro meio calado no meu canto, não quero incomodar com o barulho do meu discreto soluço. Mas a verdade é que ando me sentindo sem valor.


Parece que o mundo inteiro é mais legal, inteligente, sarado e bonito. E eu aqui, decadente, com o velho som de R.E.M, um jazz contemporâneo invadindo o quarto, um vinho que estava em promoção . Eu e uma solidão assustadora.

Eu e pensamentos estranhíssimos. Mas sou estranhíssimo, vivo em um mundo estranhíssimo e gente assim tem vida estranhíssima, logo, pensamentos estranhíssimos.

Então está tudo bem. Será que está mesmo? Será que estamos bem? Será que sobreviveremos? Será que sobreviverei?


Não sei e nunca saberemos. Mas tento viver e renascer todos os dias. Pelo menos tenho consciência que não estou apenas sobrevivendo. O sobreviver aos dias é que deve ser amargo e quase deprimente. Sobreviver dói demais, pois o peso da vida é todo colocado em cima dos ombros.

Viver e renascer, essa é a grande mágica, essa é a grande lógica, essa é a grande questão.

Com alguma dificuldade, percebo que a vida nem sempre sai conforme o planejado e que frequentemente o que foi programado precisa sofrer pequenas modificações.

Então me pergunto: será que as coisas serão sempre assim ou um belo dia tudo vai se resolver conforme eu espero?

Outra pergunta chega correndo, esbaforido: quem disse que o que eu espero é realmente o melhor pra mim? Quem disse que é o que preciso?

Mas eu não sou a pessoa certa para saber o que preciso? O que eu preciso deve estar bem claro na minha mente.

Mas será que sei realmente o que preciso? A gente muda tanto e o tempo todo. O que eu jurava que precisava no ano passado hoje é simplesmente purpurina jogada no meio da rua.

O que eu tenho certeza que preciso hoje provavelmente vai ser um grão de areia no meio do Saara amanhã. Mudamos, ainda bem.

Nos reformamos, ainda bem. Evoluímos com alguma dificuldade, ainda bem.


Como você pode ver, a vida nada mais é que um emaranhado de questionamentos.

E a maioria deles fica sem resposta, nossa maior missão é tentar encontrar algo que faça sentido no meio desse turbilhão de emoções, acontecimentos, anseios e metas. Sigo na busca, sigo na luta, sigo na lida.

Espero que em breve as respostas parem de se esconder de mim.

Nasça 2015


Este ano não começou muito feliz. Alguns contratempos me tiraram do eixo, colocando um peso nos meus ombros.

Demorei para relaxar, para entender, para aceitar que muito só depende de mim, mas tem uma outra grande parcela que depende da outra parte, depende da situação e depende da vida.

Eu, que não acredito em acaso, xinguei o destino. E resolvi me recolher, pensar, tentar procurar o meu erro, desviar das pedras, vislumbrar uma luz no meio do caos.

Nem sempre é bom olhar pra dentro, já que o processo da auto-aceitação é dolorido e um pouco perigoso. Mas resolvi me aceitar, resolvi parar de mentir para minha consciência, parar de fingir que nada estava havendo.

Muita coisa aconteceu. Morri e ressuscitei num único dia. Num único momento. Entendi que não preciso controlar tudo, nem querer tudo do meu jeito. Eu, tão acelerado, resolvi relaxar. Não foi, nem é, fácil. Uma pessoa como eu, acelerado, tem a sensação constante que os ponteiros do relógio correm a maratona de São Silvestre, que nunca vai dar tempo, que é preciso correr, que o sinal vai estar fechado, que nada vai dar certo.

Só que eu cansei de ser acelerado. Quero ser calmo e menos acelerado, já que a loucura imposta pelo dia a dia mesmo não tem cura.

Quero conseguir não me sentir culpado por dizer eu-não-dou-conta. Quero não ter vergonha de pedir ajuda.

Quero não ficar com peso na consciência por dormir uma hora a mais, por esquecer de tomar os novos remédios na hora certa, por adiar a natação, por atrasar um trabalho, por dormir sem checar os tr.........s, por ter esquecido de ligar pra uma pessoa querida, por pelo menos uma vez quebrar todas as regras, por dizer aquilo que está engasgado sem pensar se magoei, por falar mal do vizinho, por passar o dia de pernas para o ar, por gastar uma nota num novo tênis,  por esquecer do tempo.

Que nasça um 2015 feliz. Estou aqui para o que der e vier.