Aguas de Marco

São as águas de março fechando o verão... lembra da música?

Pois é... se fôssemos depender dessas águas para a "promessa de vida no coração" estaríamos numa situação difícil. O planeta é tão mexido, remexido, maltratado, que as estações se perderam...

Imagine como essa perda se reflete no nosso corpo, no nosso organismo, na nossa psiquê.

É pau, é pedra... mas não quero que seja o fim do caminho. Prefiro o mistério profundo, o vento ventando, a chuva finalmente chovendo, o fim da canseira...

É o fundo do poço... ainda bem, está na hora de começar a subir e como o poço é redondo, sobe-se em espiral. Quer coisa mais cósmica que isso?

No rosto o desgosto... vero... mas há sempre um gesto, a luz da manhã, o projeto da casa, o corpo na cama macia e cheirosa, a ponte para ir ao encontro, o mato para energizar, o mar para descarregar e um belo horizonte acalentado no coração...

Março está indo embora. Veio e foi sem suas águas. Mas ainda temos o chuveiro, o balde, a lata, e a força da imaginação para transformar um banho nas águas de março, fechando o verão, com a promessa de vida no coração...